Reportagem da revista Piauí publicada nesta quinta afirma que um grupo de políticos e empresários, além de seus familiares, tomou nesta terça-feira a primeira dose da vacina da Pfizer contra a Covid-19 que eles teriam comprado sem repassar ao SUS. As duas doses custaram R$ 600 a cada pessoa.
O grupo é formado principalmente por pessoas ligadas ao setor de transporte de Minas Gerais. Ainda de acordo com a reportagem, pessoas que foram vacinadas afirmaram que os irmãos Rômulo e Robson Lessa, donos da viação Saritur, organizaram a imunização do grupo. Uma garagem de uma empresa do grupo foi improvisada como posto de vacinação. Em nota, a Saritur informou que os irmão Lessa não fazem parte do seu corpo societário e que a direção da empresa desconhece a ocorrência de vacinação em uma garagem.
Segundo a revista Piauí, o ex-senador Clésio Andrade, ex-presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), afirmou à reportagem que tomou a vacina com o grupo. “Fui convidado, foi gratuito para mim”, disse ele à reportagem. Ao GLOBO, no entanto, ele nega que tenha dado entrevista e diz que será imunizado pelo SUS.
“Eu ainda não tomei a vacina e defendo as regras de vacinação do Ministério da Saúde. Aliás, repito que eu preferia que os idosos, como eu, dessem a vez aos mais jovens, que são obrigados a sair de casa para trabalhar”, disse via assessoria de imprensa.
No começo de março, o Congresso aprovou uma lei que autoriza a compra de vacinas pela iniciativa privada. No entanto, elas precisam ser repassadas ao SUS até que os grupos de risco — compostos de idosos e pessoas com comorbidades, o que reúne 77,2 milhões de brasileiros, de acordo com o Ministério da Saúde — tenham sido plenamente imunizados no país.
Até agora, 12,7 milhões de pessoas foram imunizadas com a primeira dose e 4,3 milhões tomara a seguda, de acordo com o consórcio de imprensa.
Esse patamar ainda não foi atingido. No entanto, mesmo depois da imunização dos grupos prioritários, as vacinas compradas pela iniciativa privada devem ser divididas meio a meio com o SUS, numa operação fiscalizada pelo ministério.
De acordo com a Piauí, o deputado estadual de Minas Alencar da Silveira (PDT) também foi vacinado, conforme relatos de pessoas presentes. Ele, no entanto, negou a informação quando foi procurado. De acordo com relatos feitos à reportagem, o grupo foi vacinado por uma enfermeira que atrasou porque estava imunizando outro grupo na Belgo Mineira, uma siderúrgia que agora faz parte da ArcellorMittal Aços.
Em nota, a ArcelorMittal afirma que nunca comprou nenhuma vacina para o combate da Covid-19 da Pfizer ou de qualquer outra empresa farmacêutica. “A empresa nunca fez nenhum contato com a Pfizer ou qualquer outra empresa do setor farmacêutico para compra direta de vacinas contra o coronavírus. A Abertta Saúde, empresa de gestão de saúde da ArcelorMittal, atua como posto avançado de vacinação do SUS junto às Secretarias Municipais de Saúde de Belo Horizonte e de Contagem. No entanto, a ArcelorMittal desconhece qualquer atuação de seus profissionais em atos correlacionados à vacinação fora dos protocolos do Ministério da Saúde e do Programa Nacional de Imunização – PNI”, diz o grupo.
O grupo empresarial Saritur informou que “os nomes citados na reportagem (Rômulo e Robson Lessa) não fazem parte do corpo societário do Grupo. Esclarece ainda que o assunto tratado na matéria é de total desconhecimento da diretoria da empresa”.
Já a Pfizer nega qualquer venda ou distribuição de sua vacina contra a Covid-19 no Brasil fora do âmbito do Programa Nacional de Imunização. Segundo a empresa, o imunizante ainda não está disponível em território brasileiro.
Fonte: Meio Norte