1 de julho de 2020

MÉDICA FRONTEIRENSE ESCLARECE DÚVIDAS À CERCA DE TESTES PARA COVID-19

FILHA DO CASAL JURACÍ BEZERRA E CÉLIA ALVES, CAMILA LOREDANA, FUTURA INFECTOLOGISTA NOS ESCLARECE DÚVIDAS A RESPEITO DE EXAMES REALIZADOS NA DETECÇÃO DO COVID-19


A fronteirense, Camila Loredana, médica formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), e no momento residente em infectologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), passou a integrar a equipe de saúde do município de Fronteiras para auxiliar no combate à doença COVID-19. Convidamos a mesma para falar um pouco sobre essa doença e também sobre os testes laboratoriais para o diagnóstico da COVID - 19. 

“A COVID-19 é uma doença nova e por isso ainda temos muito a aprender. É causada pelo vírus SARS COV 2, sendo transmitido de uma pessoa doente para outra (tosse, espirro, gotículas de saliva, etc) ou contato com superfícies contaminadas. Na maioria das vezes, corresponde a um quadro leve, porém em pacientes mais idosos e com outras doenças (“fatores de risco”) o quadro pode ser mais grave.

O diagnóstico dessa doença, bem como o seguimento dos pacientes diagnosticados, é feito por profissionais de saúde. Junto à Secretaria Municipal de Saúde de Fronteiras criamos um protocolo para guiar a investigação dos casos e ratificar as condutas tomadas por nossa equipe, a luz do conhecimento científico atual. 

Tal diagnóstico envolve sinais e sintomas apresentados pelo paciente (a isso chamamos de quadro clínico), história de exposição e contatos próximos e/ou domiciliares (a isso chamamos de epidemiologia) e exames laboratoriais. 

Temos percebido que a grande dúvida por parte da população é sobre a interpretação dos resultados desses testes. Há diferentes métodos laboratoriais de diagnóstico para a COVID-19, a Secretaria Municipal de Saúde de Fronteiras disponibiliza os chamados “testes rápidos”, que são ótimos exames quando bem indicados e bem interpretados. 

Estes testes detectam anticorpos (proteínas produzidas pelo nosso corpo contra o vírus) no sangue que podem ser produzidos numa fase mais recente ou mais tardia da doença, porém sua produção não é imediata, e devido a isso há uma indicação e um tempo correto para realização de cada exame. 

Nenhum teste está isento de falhas, podemos ter resultados falso positivos ou falso negativos, e o que nos ajuda a confirmar ou descartar um caso suspeito é justamente o que eu já citei: o quadro clínico e epidemiológico de cada indivíduo. E isso somente é feito por um profissional de saúde competente e capacitado. 

O resultado de um teste para COVID-19 pode gerar consequências boas e ruins, por isso não é correto que o paciente faça vários exames em diferentes laboratórios sem indicação médica. Quanto mais exames desnecessários, maior a chance de resultados errados e conflitantes, gerando dúvidas e ansiedade para o indivíduo e a população como um todo. Lembrem, cada caso é um caso, tudo deve ser individualizado, e analisado por um profissional responsável. 

Em relação ao isolamento domiciliar, estamos trabalhando junto às autoridades competentes do município para que o mesmo seja cumprido tanto pelos pacientes diagnosticados com a COVID-19 quanto pelos seus familiares e/ou contatos mais próximos. No entanto, os pacientes precisam ser conscientes do seu protagonismo em relação a sua própria saúde, e devem colaborar com as medidas de saúde orientadas pela Secretaria Municipal de Saúde. O isolamento domiciliar ainda é a melhor forma de diminuir o número de casos dessa doença. 

Entendo que com tantas notícias ruins vistas na televisão ou na internet, as pessoas se assustem ao receber o diagnóstico da COVID-19, por isso reafirmo que o mais importante é procurar atendimento de um profissional de saúde capacitado para orientação e acompanhamento. Infelizmente, existem muitas informações falsas em sites, redes sociais e aplicativos de conversa online, e compartilhar essas informações só gera ainda mais medo e atrapalha as ações das equipes de saúde. 

Há muito trabalho a ser feito e há muito a ser modificado e melhorado, mas também temos muitos profissionais bons e comprometidos, com o apoio e a compreensão da população, acredito que venceremos essa guerra.”, afirma Camila Loredana.

LAGOA DO RATO: em Fronteiras vem girando uma espécie de polêmica em torno dos resultados dos testes realizados. Em alguns casos nota-se a ausencia de aceitação e ao receber o resuldo do "teste rápido" realizado no hospital, ao recebe-lo como positivos, os pacientes buscam de imedito atendimento em laboratório particular,o qual por sua vez aponta resultado de acordo com os parâmetros utilizados pelo laboratorio, resultado negativo...Nesse caso é correto afirmar qual deles apresenta maior credibilidade, uma vez que o de laboratorio apresenta frações em seu resultado?

MÉDICA CAMILA LOREDANA: Isso também vai variar pra cada paciente, por exemplo, um profissional de saúde que testou positivo (IgM e IgG) no teste rápido a princípio deve ficar isolado pelo maior risco de transmissão pra outras pessoas.

LAGOA DO RATO: É correto realizar logo em seguida outro exame sem levar em consideração o tempo necessário pra isso, possibilitando um falso resultado?

MÉDICA CAMILA LOREDANA:  Não é correto repetir o exame logo após o outro, o ideal é esperar alguns dias. Se o segundo exame vier negativo, é difícil dizer qual teste está realmente correto e se realmente a pessoa teve ou não Covid já que ela não teve sintomas pra comprovar... Mas a conduta de isolamento no primeiro momento está correta, é melhor pecar por excesso do que por falta...E aí vai ficar a dúvida se realmente ela teve ou não a infecção, qual teste foi falso e qual teste foi verdadeiro, por isso que é continuar se cuidando e tomando todas as medidas de higiene necessárias.



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