Às Margens do Rio Grande, a Caminhada de um Homem...
Joaquim Gomes Sobrinho
(Quinco Gomes)
50 Anos!
O que são
os anos passados?
Para
alguns, apenas passado...
Para
alguns, algo a ser esquecido...
Para
alguns, a memória edificante...
Para nós,
familiares de Joaquim Gomes Sobrinho,
A lembrança
viva em cada um de nós,
A saudade
eterna sempre presente em nossas vidas!
Hoje, dia
5 de julho de 2015
O tempo é
saudade presença, pois jamais esquecido!
Estamos
hoje a rezar e a agradecer à vida que nos deu vida!
Joaquim
Gomes Sobrinho foi um Homem plural, até em seu nome identidade...
Ora
Joaquim Benedito, ora Joaquim Gomes, ora Quinco Gomes, ora seu Quinco, ora
Veim, ora Pai Véi, ora Pai, ora Padrinho Quinco...
Este
Homem plural...
Nasce às
margens do Rio Riachão, na verdade o conhecido Rio Grande
Que de
tão grande, também, recebe muitos nomes...
Um Homem
alto, de olhos claros, com coragem de guerreiro...
Caminha
como a água do rio, sempre avante, sem parar...
O Rio é sempre
presente!
Como boi
solto no pasto, livre e conquistador, foge para o outro lado do Rio
Vindo acampar
em sua juventude em terras,
Também às
margens do Rio Grande, em solo do Socorro...
Na Barra
de José Ribeiro!
Fez-se
vaqueiro de profissão e de vida...
Vaqueja o
gado e a beleza da donzela,
A Primogênita
do fazendeiro amigo...
Encontra
seu grande amor primeiro: Josefa Maria de Sousa!
Como boi
solto no pasto, livre e conquistador, foge para o outro lado do Rio
Às
margens do Rio Grande, nas Piranhas de seu tio, Major Gomes,
Guarda o
seu tesouro encontrado às margens do Rio Grande...
Na Barra
de José Ribeiro.
Do amor
primeiro encontrado às margens do Rio Grande,
Nasce
José, Antônio, Edson e Constâncio,
Também às
margens do Rio Grande, próximo à oiticica,
Vai-se seu
amor primeiro, embora para sempre!
Vai
Josefa repousar às margens do Rio Socorro, no Cemitério do Poço,
Que
desagua no Rio Grande,
Os quatro
frutos primeiros, já foram embora para sempre,
Como as
águas do Rio Grande, para nunca mais voltar...
Como as lágrimas
que escorrem dos nossos olhos,
Do choro
a soluçar...
Como boi
solto no pasto, livre e conquistador, foge para o outro lado do Rio,
Às
margens do mesmo Rio, na Barra de José Ribeiro,
Encontra
seu amor segundo: Maria de Sousa Santa!
Para seus
filhos órfãos outra mãe encontrar...
Às
margens do Rio Grande, companheiro perene da sua caminhada!
Novo
alento, novo amor, nova família...
Nasce
Bertinho, Josefa e Nelson!
Às
margens do Riacho do Mel,
Vai-se
Santa, seu amor segundo, embora para sempre!
Como as
águas do Rio que passam para nunca mais voltar...
Santa se
despede dos sete filhos queridos,
Também
para repousar às margens do Rio Socorro,
No
Cemitério do Poço!
Como boi
solto no pasto, livre e conquistador, foge para o outro lado do Rio,
Homem viúvo
duas vezes, tristezas e muita labuta,
Com sete
filhos a cuidar!
Caminha
como a água do rio, sempre avante, sem parar...
O Rio é sempre
presente!
Uma jovem
donzela, branca como a neve,
De nome
Das Neves, assume os afazeres domésticos,
Na casa da
Boa Vista duas vezes órfã;
Às
margens do Riacho do Mel...
O amor
acontece...
Nasce
Valdir Gomes, o seu oitavo filho,
De todos muito
querido, mas um dia foi-se embora
Para as
terras do Goiás e até a presente data
Não
voltou às margens do Riacho do Mel...
Como boi
solto no pasto, livre e conquistador, volta pra margem do Rio,
Lugar
onde nasceu na margem do Riachão!
Riachão
em festa, em festa o coração!
Às
margens do Rio Grande encontra seu amor terceiro, Rosa Gomes de Carvalho,
Uma Rosa
perfumada, bela e muito faceira...
A
enfeitar as paisagens da Terra de Santa Ana, esposa de São Joaquim,
Padroeira
de Riachão!
Às
margens do Rio Riachão, o mesmo Rio Grande,
Companheiro
perene de sua caminhada, ali mesmo se casa,
Com a
Rosa encontrada do mesmo chão, mesmo berço,
Para nova
família formar!
Encantando
e encantado trás sua Rosa bela e perfumada,
Para o
outro lado do Rio e construir a grande família,
Na margem
do Riacho do Mel, pois como as águas do Riacho
Que
desaguam no Rio Grande todos agora são uma só família...
Nasce
Hermes, Máximo, Fábia, Osvalda,
João,
Eulália, Adalbertina, Rosa,
Beatriz,
Vicente e Josefina...
Agora a
grande família já somam dezenove,
Do amor
paternal de Joaquim Gomes Sobrinho.
Prole
grande e bela que cresce às margens do Riacho do Mel,
Representante
fiel da floração, da caatinga,
O grande
número de abelhas a produzir o mel,
Assim são
todos os filhos de Joaquim Gomes Sobrinho,
Nascer,
crescer, trabalhar às margens do Riacho do Mel e nunca esquecer
Que o Rio
é sempre presente com todos os sedimentos e balseiros
Próprios
do existir...
Companheiro
perene da sua caminhada...
O Rio é
sempre presente do nascer, na primeira morada,
À última
morada...
Dia 5 de
julho de 1965, às margens do Riacho do Mel,
Vai-se o
Homem plural, altivo, guerreiro e conquistador...
Repousar
para sempre às margens do Riacho do Gavião,
Na cidade
de Fronteiras, que desagua no Rio Socorro, que desagua no Rio Grande!
Como as
águas do Rio que passam para nunca mais voltar!
Joaquim
Gomes Sobrinho e o rio foram imortalizados
Nos
versos do poeta Melo*:
Os rios que eu encontro
vão seguindo comigo.
Rios são de água pouca,
em que a água sempre está por um fio.
Cortados no verão
que faz secar todos os rios.
Rios todos com nome
e que abraço como a amigos.
Uns com nome de gente,
outros com nome de bicho,
uns com nome de santo,
muitos só com apelido.
Mas todos como a gente
que por aqui tenho visto:
a gente cuja vida
se interrompe como (quando) os rios.
João
Cabral de Melo Neto
O Rio
sempre presente,
Companheiro
perene de sua caminhada...
A sua
descendência está hoje a celebrar,
Às
margens do Riacho do Mel
Mesmo há
cinquenta anos
Ainda
pranteamos a sua partida,
Como nos
versos cantados:
“As
águas correm para os rios”...
Os rios
correm para o mar,
Só o pranto dos meus olhos eu não
sei...
Não sei
onde vai parar....”
Padrinho Quico,
Sua neta Maria Aparecida e Silva Pereira Sobreira, fez
esta singela homenagem em nome de todos os seus netos, bisnetos e trinetos que
imortalizam a sua memória a partir da história oral, de documentos existentes e,
principalmente, da conservação e preservação da sua fazenda e morada - a casa
da Boa Vista, que tanto amamos símbolo maior da sua história, da qual
descendemos todos nós.
Teresina PI, 29 de junho de 2015
Fronteiras PI, Fazenda Boa Vista,
5 de julho de 2015
Texto: Aparecida
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